A Terra do Azul

(...) Houve um tempo em que todas as pessoas tinham todas as cores. Tinham consciência do verde e do amarelo, e brincavam com todas as cores. Brincavam com o rosa, o vermelho, o laranja, o dourado, o preto e o branco. Brincavam com todas as cores, mas, vejam, elas eram realmente fascinadas pelo azul. Passou a haver uma certa obsessão pelo azul.

Então, a certa altura, bem, as pessoas começaram a ficar azuis. Suas casas começaram a ficar azuis. A grama e... bem, o céu era azul... mas a grama e, logo, os carros ficaram azuis. Logo, a comida ficou azul, e tudo era azul. É verdade que havia uma certa variação nos tons de azul, mas no fim do dia ainda era tudo azul. Estavam tão profundamente imersos no azul que, logo, todos tinham esquecido de que havia outras cores. E, então, é claro, seus filhos nasciam azuis, claro, e... [Algumas risadas] Seguindo a história. Seus filhos nasciam todos azuis e as crianças nunca souberam que havia outras cores. E não havia livros escritos sobre as outras cores, porque jogaram fora, já que tudo era azul.

Bem, tinha uma fábrica azul onde eles produziam cobertores azuis e travesseiros azuis que era dirigida por um chefe azul. E esse chefe azul... Oh! Era uma bagunça. Era uma bagunça, e ele tinha muitos funcionários azuis. Mas era uma bagunça porque ele tentava gerenciar esse grupo de trabalhadores e o equipamento, mas o equipamento estava sempre quebrando e os trabalhadores estavam sempre doentes. Eles tinham melancolia. (N. da T. Melancolia também é comumente chamada de blues, em inglês, que vem de blue, azul.) [Risadas] Vocês sabiam que eu ia dizer isso. Vocês sabiam. E era difícil cuidar de tudo e gerenciar a fábrica.

Foi uma distração – vocês deixam a coisa internalizar, vocês deixam algo acontecer.

Seguindo. Então o chefe azul não dava conta de tantas dificuldades, e ele não era um bom administrador. Ele não era sequer uma boa pessoa. Ele sabia que tudo estava prestes a desmoronar, mas tentava manter tudo certo, e ele fazia isso criando discórdia, deixando todo mundo com medo de todo mundo e com medo dele, guardando informações de um grupo e de outro grupo. Em vez de reunir todo mundo e gerenciar uma bela empresa azul, ele fazia cada um seguir por direções diferentes. E isso era uma distração, já que ele era um mau administrador. E, vejam, os clientes ligavam reclamando dos travesseiros azuis, que vinham rasgados e descosturados ou cheiravam mal ou o que fosse, e também, sempre, por causa da descortesia. Vejam, ele ensinava o pessoal do atendimento a ser rude com os clientes, e era horrível. Ele sabia que tudo estava desabando, mas se recusava a admitir. Ele sabia que tudo estava chegando ao fim, que sua grande farsa azul fora descoberta.

Sua identidade era unicamente ser o chefe, o administrador, controlando tudo, fazendo tudo, trabalhando. Ele trabalhava muitas horas, porque é isso que chefes azuis fazem. Trabalhava muitas horas pra manter as coisas andando, mas ele sabia que algo estava dando terrivelmente errado. Tudo ia chegar ao fim.

E, então, um dia, um estranho misterioso bateu à porta. E, para o chefe azul, esse estranho parecia azul, mas na verdade o chefe ficaria sabendo depois que ele não era. Ele era, na verdade, muito claro. Esse estranho misterioso bateu à porta um dia e disse: “Estou assumindo.”

O chefe azul disse: “Quem diabos é você?” E ele disse: “Sou o Dr. Agão e estou assumindo isto aqui. E a primeira coisa que vamos fazer é detonar esta fábrica.”

Bem, aconteceu. Dr. Agão chegou, detonou toda a fábrica e, quando fez isso, de repente, ele mandou para os ares toda essa camada rija de energia que mantinha tudo azul, que mantinha tudo pequeno e limitado. Explodiu com tudo e, claro, o chefe azul ficou horrorizado. Ele era responsável por controlar a fábrica e, de repente, ela foi detonada. Tudo desapareceu.

E, enquanto andava pelas ruínas, na poeira azul das ruínas, ele olhou pra baixo e viu algo muito surpreendente. Era um pequeno ponto dourado. De início, ele pensou que estava delirando, inventando aquilo, mas, então, ele viu uma coisa que parecia meio verde e outra meio vermelha. E ocorreu a ele que todo esse tempo em que achava que estava gerenciando e administrando a fábrica azul, estava, de fato, apenas limitando as coisas, apenas mantendo as coisas confinadas, restritas e azuis. E ele levou o estranho misterioso pra destruir tudo, mas o chefe azul ficou lá parado, percebendo que, na verdade, as únicas coisas que tinham sido destruídas eram as limitações. As únicas coisas que tinham sido destruídas eram a crença, o controle, o pensamento: “Eu tinha que fazer isso.”

Enquanto continuava caminhando entre as ruínas, percebeu que havia uma variedade de cores. E, então, correu ao encontro do querido Dr. Agão e disse: “Como arrumamos tudo isso de modo que eu não tenha que controlar tudo, de modo que isso siga por conta própria e seja uma miríade de cores. Todas as cores. Como trazemos todas as cores de volta a esta Terra do Azul?”

Dr. Agão disse: “Elas voltarão naturalmente. Não há nada que você precise fazer. Só quero que você fique aqui e contemple o que vai acontecer. Só isso. Apenas observe, contemple, mas saia do caminho, porque a coisa vai acontecer.” E aconteceu.

O chefe azul, de repente, não era mais todo azul. As cores mudaram. Ele tinha muitas cores nesse momento, e algumas pessoas, aqui e ali, começaram a reparar que ele tinha cores, que ele estava usando blue jeans, é claro, mas a camisa era branca, o boné era vermelho e os sapatos, verdes.” E, nem todo mundo, nem todo mundo, mas, mais cedo ou mais tarde, as pessoas começaram a perceber isso, algumas aqui, outras ali, e depois mais e mais e mais, até que, de repente, alguns bebês que nasciam já não eram azuis.

As pessoas acharam muito estranho, muito esquisito, mas os bebês nasciam multicoloridos. E uma mudança varreu a Terra do Azul, e não levou muito tempo pra que tudo voltasse para a Energia Viva, cheia de cores. E, por mais que o chefe azul tivesse passado por dificuldades nessa liberação e tivesse odiado o Dr. Agão... Vou soletrar. D-R-A-G-Ã-O. [Algumas risadas] Eu não devia ter revelado; devia ter deixado vocês descobrirem sozinhos. Mas só temos poucos minutos preciosos. Ele agradeceu ao bom doutor. Ele agradeceu ao doutor por aparecer e destruir toda a fábrica. Sim, o dragão, o doutor, eh... É. Nós podíamos ter... Não temos nada onde escrever hoje. É, o dragão.

É isso que está acontecendo com vocês neste momento. Tudo está explodindo. Fiquem aí, observando e percebendo que é o maior dos presentes. Vocês saem da Terra do Azul. Vocês se esforçaram, tentaram administrar, supervisionar todos esses aspectos e controlá-los. Era o caos. Era uma bagunça. Já era hora de acabar com isso.

(História contada por Adamus no Shoud Emergindo 8. Veja também outra história especial de A Terra do Azul)

Postagens mais visitadas deste blog

O Círculo Carmesim (Crimson Circle)

Série ALT

Adamus